Era um menino irrequieto, brincalhão, de bem com a vida. Tinha um sorriso enorme, branco, de orelha a orelha, que contrastava com a sua pele cor de chocolate. Era a pessoa que menos tinha no mundo e a pessoa mais feliz que algum dia vi. O Sorrisão é (esperando que ele ainda esteja vivo) um menino lindo, que encheu de alegria muitas daquelas noites mais solitárias. Várias foram as vezes em que desci de propósito para comer um gelado e também lhe oferecer um em troca da sua companhia. Ríamos. Ele dançava e cantava. Um dia cheguei mesmo a evitar uma cena mais feia entre ele e outro sem abrigo da rua. Era o Sorrisão! Não era menino de roubar, ele só pedia nas ruas, apanhava as latinhas para vender... Era um bom menino. Na véspera de Natal uma senhora ofereceu-lhe uma roupa nova. Bem, que alegria na rua e na lanchonete. Ninguém ficava indiferente ao Sorrisão, o menino de quem ninguém sabia o nome, mas a quem toda a gente conhecia pelo tamanho do seu sorriso e pela maneira como os seus olhos fechavam quando sorria...
Foi no sábado que me lembrei dele, por tua causa. Porque és como ele, acho eu. Pelo menos tens um sorriso como o dele. Grande, ENORME, que nos enche a alma, que nos faz esquecer os problemas e sorrir também. Obrigada por aquela manhã, foi especial, de certa maneira. Por momentos voltei à cidade que amo, sentada no banquinho, por volta das 22h com 35 graus, de havaiana no pé, sorrindo e comendo sorvete ao lado dele.
Obrigada Sorrisão :)
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